O novo olhar e nova pergunta que mudaram a pesquisa etnográfica.

Uma nova estratégia do pesquisador surgiu com a mudança do olhar, ou melhor da pergunta básica do que quer se descobrir. Ao invés de como a sociedade se mantém para “Como a sociedade se transforma?” Esta última, tem como objetivo captar a complexidade, a variação do fluxo social através do estudo dos espaços intersticiais, e tem forte influência de Marx e Weber.
Vejamos então as diferentes estratégias dos pesquisadores e seus diferentes olhares.
Se Malinowski privilegiou a análise de indivíduos em detrimento de sistemas e Radcliffe-Brown tendeu a abstrair os indivíduos em favor de análises sistêmicas, os pesquisadores que aderiram a esse novo método oriundo da “teoria da ação” tentam integrar ambos na análise: indivíduos e estrutura social.
Mas essa corrente de pesquisadores também trouxe riscos metodológicos, pois eles se recusaram a considerar os estudos das outras disciplinas, preocupados em proteger suas identidades profissionais. Assim, colocaram limites artificiais a suas investigações.
Eles não incluíram em sua análise por exemplo, perspectivas da economia política.
Várias outras estratégias foram sendo colocadas em prática sempre partindo do objetivo de cada pesquisador. Barnes e Mayer enfatizavam o estudo da morfologia das relações interpessoais, Boissevain adota a “teoria dos jogos” para privilegiar a análise do conflito e da competição. Mas em todas essas visões percebemos que elas muitas vezes são evoluções ou tem forte influência de outras teorias consideradas precursoras da Antropologia como Levis Strauss, Malinowski, Bath, Gluckma, Radcliffe- Brown, Firth, entre outros. A própria teoria da ação teve inúmeros desdobramentos em estratégias de pesquisa por diferentes correntes da Antropologia contemporânea. Worsley foi um deles, que defendia a idéia de privilegiar o estudo microscópico de relações e situações sociais a partir de uma perspectiva que inclui uma visão da economia política mais ampla e a integração da história na análise antropológica. Van Velsen defendia uma análise sequencial de situações sociais e focaliza gente, lugar e tempo como objetivo de apreender processos, ações e sequências de desenvolvimento em contextos específicos através da perspectiva da sociedade em movimento e em constante fluxo. Seu preceito de pesquisa de campo tenta evitar as generalizações sobre regularidades estruturais. Ele tenta, ao observar pessoas através de um período adequado de mudanças sociais, detectar padrões em suas relações, suas ideias e suas instituições. Mas Van Velsem baseou-se numa dimensão limitada de tempo, não tendo se interessado em relacionar a Antropologia com a História. Já Vincent propõe uma alternativa metodológica processual que combina dados antropológicos e material histórico. Ele busca em suas estratégias pesquisar os homens em movimentos e ações, e empreendimentos que são dependentes para o sucesso de operações, atravessando o espaço e consideráveis períodos de tempo.
Ao resgatar a contribuição microscópica da Antropologia para a realização de investigações e interpretações mais amplas sobre processo de desenvolvimento passados e presentes, segundo Bela Feldman, Vicent ajudou a retirar as amarras de métodos de pesquisa anteriores. Mas o que podemos concluir é que a estratégia do pesquisador e seu olhar do sujeito da observação é fundamental para o resultado que se quer chegar com a investigação. E ir a campo para observar e inspecionar os acontecimentos parece fundamental em qualquer estratégia de investigação

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