As vantagens da Etnografia feita por antropólogos no estudo de comportamento.

Na Antropologia as orientações teóricas estão relacionadas a especificidades geográficas de uma maneira que talvez não aconteça em outras ciências sociais. A teoria antropológica sempre se fez melhor quando atrelou a observação etnográfica ao universal/teórico.
A obra de um antropólogo não se desenvolve linearmente, ela revela nuances etnográficas-teóricas que são “energizadas” pela experiência do campo.
O texto etnográfico une a ambição universalista da disciplina com os dados novos detectados pelo pesquisador em determinado contexto etnográfico. Existe um vínculo entre a pesquisa e a teoria na antropologia. Evans Pritchard em seu método, demonstrou como a pesquisa etnográfica é o meio pela qual a teoria antropológica se desenvolve e se sofistica quando desafia conceitos estabelecidos pelo senso comum no confronto entre a teoria que o pesquisador leva para campo e a observação entre o que estuda. E pensar dessa maneira é pensar comparativamente, é contrapor o confronto/impacto entre a bagagem da cultura do pesquisador com o que está observando.
A pesquisa de campo traz para o material etnográfico mais riqueza. Quando não se tem a pesquisa de campo o diálogo ocorre apenas entre teorias, a do antropólogo e as teorias dos grupos estudados por exemplo, e faz desaparecer o diálogo que acontece dentro do antropólogo. O risco aqui é se manter ainda a diferença entre “nós” e “eles”.
Outra vantagem da etnografia é que dados etnográficos antropológicos geralmente permitem uma reanálise, onde é possivel encontrar um resíduo inexplicado nos dados iniciais e gerar uma nova configuração interpretativa. Assim, Mariza Peirano defende que “toda boa etnografia precisa ser tão rica que possa sustentar uma reanálise dos dados iniciais. Dados que falarão mais que o autor e permitirão uma abordagem diversa.” E justamente essa reanálise de um corpo etnográfico é a prova da adequação e qualidade da etnografia.
A etnografia então, é um campo fértil e inspirador da teoria do trabalho do antropólogo. Mariza Peiron conclui a defesa da etnografia assim: “ A prática da etnografia – artesanal, microscópica e detalhista – traduz como poucas outras, o reconhecimento do aspecto temporal das explicações. Longe de representar a fraqueza da antropologia, portanto, a etnografia dramatiza, com especial ênfase, a visão weberiana da eterna juventude das ciências sociais”.

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